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													Pela arte, frei Confaloni se tornou uma presença constante entre nós, no passado, agora no presente e a caminho do futuro. Bastaram-lhe 60 anos de vida para garantir sua eternidade.
Estamos em processo de realização do seu Raisonné (que é quando se procura documentar toda a obra de um artista). Já chegamos a mais de 1.500 registros fotográficos de obras suas (no Brasil e na Itália, onde já visitamos 16 famílias).
 
													 
													Ele não parava. Parecia saber que a vida lhe seria curta. Além do cigarro, seu único vício (afinal ele era humano!), sabe-se hoje que a principal causa de sua morte teria sido a intoxicação com o chumbo presente nas tintas que utilizava, pois seu ateliê ficava ao lado de seu quarto de dormir, quase que fazendo um só cômodo, e as tintas ficavam abertas e espalhadas em sua paleta, a espera da próxima pincelada que não tinha hora para começar ou acabar.
 
													Quando ele morreu, Goiânia tinha cerca de 400 mil habitantes, e a cidade inteira parou. Sua morte foi noticiada nacionalmente. O prefeito da cidade e o governador do Estado abriram uma especial exceção, a pedido de seus amigos e fiéis, e permitiram que seu corpo fosse enterrado fora do cemitério, na Capela que fica embaixo da igreja São Judas Tadeu, aquela mesma que ele idealizou, projetou e construiu.
 
													Não que fosse rico, muito pelo contrário. Ele construiu essa igreja de estilo modernista, então a maior da cidade, vendendo seus quadros em rifas ou os entregando em contrapartidas a doações de materiais para a construção, desde a areia e o cimento, até os bancos da igreja. É lá que ele está sepultado há 47 anos, em uma Capela sob o altar.
 
													 
													 
													 
													 
													Mais recentemente, passou a ser nome de dois museus, que surgiram com a finalidade de perpetuar os cuidados com seu legado artístico: um na cidade onde morreu, o Museu Frei Confaloni, criado e gerido pela Prefeitura de Goiânia; e outro na cidade onde ele chegou ao Brasil, o Museu Histórico Dominicano Frei Nazareno Confaloni, na cidade de Goiás.
 
													 
													 
													 
													Antes que termine minha fala, é preciso destacar Rita Confaloni, irmã mais nova de frei. Foi ela que, com sua paciência e devoção, juntamente com seu marido Ideale Orsini, guardou tudo o que se relacionava a seu irmão querido e artista missionário que foi morar além mar.
 
													Graças à Rita, ao conhece-la no ano de 1986, aqui em Grotte di Castro, eu pude aprofundar as pesquisas que resultaram em um primeiro livro biográfico sobre o frei seu irmão, premiado e publicado no Brasil pela Pontifícia Universidade Católica e recentemente traduzido para o italiano, por iniciativa de Rossella Orsini e Aldo Quadrani.
 
													Estes dois, Rossella Orsini e Aldo Quadrani, têm honrado a vontade de Rita e a memória do frei, realizando um trabalho criterioso para a proteção e divulgação do seu legado artístico e de sua vida tão produtiva, prolífica e frutífera.
 
													Agradeço a eles pelo apoio que nos tem dado no Brasil. E agradeço, penhoradamente, à Prefeitura de Grotte di Castro, em toda sua brilhante equipe, no nome do prefeito Antonio Domenico Rizzello, que tão bem percebe as riquezas que esta cidade tem, que merecem a atenção mundial.
 
													Frei Nazareno Confaloni está ombreado aos melhores artistas de meu país. Lá -e aqui na Itália, ele deixou um legado que permanecerá na história, com seu exemplo reluzindo cada vez mais como uma referência do que o ser humano pode ser, do que pode sonhar -e do que é capaz de alcançar.
 
													Mais obras de frei Confaloni podem ser vistas em seu site na internet, onde estão disponibilizados os resultados parciais do Raisonné Confaloni, uma pesquisa de registro de suas pinturas, desenhos, gravuras, aquarelas, painéis e murais em afresco, iniciada em 2013 e que já conta com mais de 1.500 obras registradas:
(Esta pesquisa Raisonné vai virar um livro de 4 volumes, reunindo toda a produção de frei Confaloni que pudermos catalogar. Ela está ainda em processo, e qualquer nova obra é muito bem-vinda).
 
													Salve Frei Confaloni, que seguiu em vida a Via Pulchritudinis, que por meio do belo nos leva a Deus. Desça sua luz sobre nós! Nos encante e nos ilumine, Confal(one)!
 
													José Peixoto da Silveira Jr (Px Silveira), em Grotte di Castro, aos 07 de setembro de 2024
